Pular para o conteúdo principal

Estratégias de apropriação do espaço


Parkour
A prática consiste na exploração das habilidades e capacidades do corpo humano para transpor da forma mais rápida e eficiente quaisquer obstáculos que se encontrem num dado percurso, daí o nome (originalmente 'parcours' em francês). Os adeptos desse tipo de estratégia passam por longos treinamentos para que possam desempenhar com maestria todos os movimentos que necessitem. O fascínio gerado pela atividade deriva da intensidade com que tudo acontece e da aparente irreverência dos praticantes. O espaço torna-se parte do trajeto e não mais é um obstáculo propriamente dito. Na aula, a exibição do comercial da BBC onde um tracer sai do trabalho e chega em casa através do parkour infinitamente mais rápido do que teria se tivesse ido de maneira convencional demonstra a importância de se questionar imposições espaciais e convenções daquilo que se pode ou não nos lugares.

Deriva
Consiste em derivar – como um barco n'água – pela cidade abstraindo de qualquer necessidade social e se permitindo levar pelos fluxos, pelas atenções e pelos instintos. Deve-se notar a necessidade de um estado mental apurado e próprio para o sucesso do empreendimento. O transcorrer do tempo pouco importa na percepção do praticante, por esse motivo há registros de muitos incidentes com esse tipo de apropriação. A Deriva permite compreender o espaço pelo sentido sem que se exerça influência direta no mesmo, os sons, cheiros e outros fenômenos que estimulam qualquer resposta e causam a ocorrência dos deslocamentos que se dão são aparenta ser interessante e muito sensível.

Flâneur
Do francês "errante", descreve a pessoa que vaga pela cidade de forma despreocupada observando os arredores e deixando-se envolver pelas amenidades dos lugares, devotando atenção a tudo que intrigue ou desperte curiosidade ao mesmo tempo que não realizando muitos esforços para atingir nada. Historicamente, o termo e a prática da flânerie foram descritos com bons e maus olhos por muitos. É a dominação que essas pessoas exercem sutilmente sobre os espaços que elas ocupam que as torna mestras em fazê-lo. Conhecer os desejos despertados pela cidade, onde saciá-los e de que forma são riquezas conquistadas com tempo de prática. Da mesma maneira, passar o tempo a desfrutar é algo que demonstra resistência à noção do trabalho constante e desprazeroso pela mera perpetuação do funcionamento do sistema.

Rolezinho
Originada no Brasil, a estratégia vem como uma maneira de simplesmente ocupar locais em grupos para os quais esses locais teoricamente não são adequados. O questionamento de extrema importância que surge a partir disso é o do pertencimento das pessoas de todas as origens em todos os lugares, uma vez que consideramos justo que a cidade seja integralmente de todos. É notório o impacto desses rolezinhos na mídia e no imaginário popular acerca da segregação que existe na cidade. Shoppings Centers, praças e locais anteriormente "reservados" a classes mais abastadas foram apropriados por pessoas que até então eram excluídas e isso permite entrever um grito de luta e um pedido de inclusão. É o peso social que torna essa prática tão importante e rica na apreensão da espacialidade por meio do corpo.

Flash Mob
É um tipo de movimentação rápida e efêmera, geralmente combinada por meio de mídias sociais.  A prática não consiste somente nas coreografias "espontâneas" que ocorrem em multidões, mas também em outras diversas formas de interação grupal de natureza similar, como várias pessoas indo à uma loja e fazendo o mesmo pedido a fim de colocar algo em xeque. Os adeptos podem ter inúmero objetivos, mas enquanto apropriação do espaço, o flash mob é uma excelente maneira de demonstrar a potencialidade dos lugares enquanto palcos ou espaços de demonstração, questionamento e manifestação.

Skateboarding
Das estratégias abordadas, é a única que requer o uso de um aparato específico. Consiste no uso da prancha com rodas para se deslocar no espaço incluindo a ultrapassagem de obstáculos aproveitando-se deles como no parkour. O Skate une pessoas e consolida certas tribos urbanas, construindo e permitindo explorar espaços na cidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Croqui | Parque Municipal

Parque municipal / externo - papel cartão texturizado, lápis B2

Crítica ao P2 de OI de Lucas Oliveira

O segundo protótipo de objeto interativo desenvolvido por Lucas Oliveira "é formado por dois capacetes com a viseira completamente opaca, dentro de cada capacete existem 'pisca-piscas'. Da parte de trás de cada capacete saem fios que se ligam na roupa dos usuários, na ponta de cada fio existem botões, esses botões alteram o padrão de luz do pisca-pisca do outro capacete." A proposta avança em relação ao primeiro protótipo ao tornar mais simples a interação com o objeto, mas também mais intensa. O uso do contato humano entre os usuários é uma exploração inteligente das possibilidades abertas pelo primeiro protótipo. Há que se considerar, contudo, a viabilidade e os detalhes envolvidos na composição desse objeto, como a intensidade das luzes e a precisão necessária para gerar os efeitos esperados sem que a experiência torne-se desagradável para os usuários.

Roteiro de Entrevistas • Intervenção

0. Apresentação do grupo (estudantes, contexto, proposta...) 1. Solicitar informações pessoais (nome, origem, residência...) 2. Qual sua relação com este espaço? 3. Há algo que chame sua atenção neste espaço? 4. Como realiza seu deslocamento diário? Utiliza carro nesta região? Se não, enquanto pedestre, o que sente em relação aos carros neste espaço? 5. Você conhece as pessoas que moram/trabalham neste espaço específico? 6. Como é o fluxo de pessoas aqui durante o ano? Isso muda sua rotina? Se sim, como? 7. Você sente que este espaço faz parte da praça [do mercado]? 8. Há algum elemento neste espaço que lhe incomoda?