Visitei, no dia 13 de junho, a exposição "Babel", do artista Miguel Gontijo, que se encontrava na Grande Galeria Alberto da Veiga Gignard do Palácio das Artes. As obras expostas vão de telas a esculturas, passando por escritos e mobília. A temática de início pouco clara revela-se fascinante em sua descoberta. As obras se iniciam com uma espécie de tela perfurada e pintada que se eleva do chão logo à entrada e estendem-se passando por imagens à tinta formadas por elementos diversos que conversam e desconversam entre si: rostos, partes do corpo, fragmentos de papel, elementos orgânicos, letras, palavras...
Há um quê de ironia do artista quando são apresentadas imagens intrigantes acompanhadas de algo que é comumente visto hoje na internet, termos e gírias do campo online. A problematização imbuída na obra gira em torno da linguagem, da informação e da interpretação que fazemos delas. O autor traz escritos de aparência medieval acompanhados de imagens de hoje e brinca o tempo todo com os sentidos do discurso construído, deixando em aberto a criação de qualquer noção sólida. Ao longo das paredes da galeria, juntamente às obras encontram-se frases impressas em fonte simples com dizeres breves que suscitam reflexões acerca da própria arte e suas implicações. Essas frases são, de certa forma, "meta-artísticas", se é toda obra não o é.
Ao fim da galeria, encontram-se móveis dispostos de maneira ordinária que foram produzidos ou alterados por Gontijo. Neles podemos ver provocações acerca daquilo que, cotidianamente nos é ofertado como informação e que lemos sem sequer perceber a existência daquele "texto". A comida, os talheres, tudo que nos é quase automático fazer entra em jogo para ser colocado em xeque. No caminho de volta, obras que não havia observado antes chamam a atenção: sacos de lixo com as etiquetas "obra abandonada".
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