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Roupa & Arquitetura

   Roupa e Arquitetura são, palpavel- e evidentemente coisas diferentes; no plano da realidade material, os dois são distintos. Apesar disso, com pouca reflexão é possível perceber a grande semelhança existente entre os dois conceitos. Se forem descritas apenas as funções, definições e características desses elementos: abrigar, proteger, delimitar espaços/privacidade, expressar ideias, sentimentos, individualidades, etc, é correto dizer que, certamente, podem ser atribuídas a ambos. É impossível definir se, nessas condições de descrição, trata-se exclusivamente de apenas um e/ou de qual dos dois. Da mesma forma, tanto um quanto o outro seguem tendências estilísticas, estéticas e sociais que alteram-se na cronologia da história e que são, também, fortemente influídos pelas condições ambientais, climáticas e pessoais às quais estão submetidos. Similarmente, tentar diferenciar os dois tópicos pela situação de seu advento ou por seu desenvolvimento histórico é ineficiente. Poderia-se afirmar que reside na flexibilidade e na utilização a diferença entre roupa e arquitetura, afinal, troca-se de roupa, customiza-se uma peça e se escolhe uma outra com muito mais facilidade e em períodos de tempo muito menores do que é preciso para se fazer o mesmo com uma obra arquitetônica, a variação de estilo e aparência acontecem, à primeira vista, com frequência muito maior em um dos casos. Entretanto, essas transformações não passam, analogamente, do que seria, na arquitetura, o trânsito cotidiano entre edificações e locais diferentes que, da mesma forma que as roupas, refletem algo a respeito dos indivíduos, seus interesses e suas necessidades. Enfim, resta a questão espaço-dimensional, onde os conceitos divergem quase inquestionavelmente. A arquitetura promove os efeitos da roupa numa escala maior, muitas vezes menos individualizada e cumpre um papel espacial, algo que a roupa não faz necessariamente. O espaço arquitetônico muitas vezes influi na  roupa, mas o contrario não ocorre com igual notoriedade. A roupa, por outro lado, permite maior flexibilidade individual e seu caráter móvel – é levada no corpo – proporciona, ao contrário da arquitetura, que se transporte valores, ideias e impressões inclusive dentro do espaço arquitetônico, mas entre indivíduos.

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